terça-feira, julho 05, 2005

Para Bill Evans



Sons de um piano doce,
Tangido talvez,
Por um deus,
Num harpejo magnífico, divino até,
Supremo, belo, forte, impiedoso.
E depois,
Depois, suave, melancólico, afável,
Denso, poderoso.
Sons vindos de tão longe e de tão perto,
De infinitos de genialidade,
De tangíveis afectos,


Que desperta em mim.
E me penetram a alma e os sentidos.
Se me apoderam da razão
Levando-me num sonho
De teclas, de dedos, de sons voando,
Voando, voando,
Voando sem parar,
Em círculos sem fim,
Num rodopio
De tudo o que sou, que sinto, que respiro
Que obcessivamente ouço,
Sem controle.
Sem fim admissível,
Num ficar de eternidade.
E à minha volta, incandescências de sublimes sons,
Fazem-me provar,
Sabores de desmendida felicidade,
Visões desses dedos, bailando sobre o marfim gélido das teclas
Dos harmónicos,
Sobre o negro dos bemóis e sustenidos.
E sei,
Sei, que esses sons
Só podem vir da magia,
Da doçura
Dos seus divinos dedos,
Do mais profundo da sua etérea inspiração.
Numa dolência impar,
Só dele.
Ele, que quase me magoa,
Que me liberta, me intumesce a alma,
Que me faz voar,
Flutuar,
Como plasma sem matéria,
Para lugares do inimaginável,
Onde por fim
Reencontro Ellaine,
Dançando comigo a sua eterna valsa,
Num sonho que sempre desejei sonhar,
Em mundos, doutros mundos,
Voando nas asas dos deíficos sons,
Do seu imortal piano.


2 comentários:

Carlos de Matos disse...

...para ti e outros bloguistas, apreciadores do génio, ouve a música do meu blog!


xi

Choninha disse...

Até parece que ouvia o Bill ao ler as suas palavras...