sábado, fevereiro 25, 2006



Finalmente de volta a casa. Feliz, tranquila e aliviando as nossas angustias pelo seu transitório desparecimento.
A Moca voltou e com ela a alegria da família

domingo, fevereiro 19, 2006

O feliz reencontro, ou o amor pelos animais

Há quase quinze dias, que aquela cadela, uma fila de S. Miguel, desparacera e a minha filha, sua dona, não parava de chorar, mergulhada numa profunda depressão que tanta angústia me causava de a ver sofrer tão amargamente.
Corajosa, determinada, correu bairros e bairros de Lisboa, lugares de uma sordidez e perigosidade iniludíveis, numa procura ansiosa, até que, hoje, dada a sua determinação, o seu espírito forte e sua impossíbilidade de desistir, teve finalmente o prémio merecido, a sua vitoria: junto à doca de Belém, reencontrou a sua inestimável amiga : a sua bela fila tigrada de dourado, escanzelada a cheirar ao peixe que a fez sobreviver.
Foi um prémio mais do que merecido.
Bem hajas, minha filha, por me não teres dado ouvidos aos meus conselhos de deserção, de desistência.
És uma verdadeira mulher, digna para além do meu amor, do meu imenso respeito.
Hoje é dia de grande felicidade para todos nós.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Paciência

Há não muito tempo, numa manhã radiosa de fim de Verão, esperava eu, no largo fronteiriço à consulta externa de um decrépito hospital, bem à portuguesa, sentado num banco corrido de madeira, assento e costas de ripas duras, verniz desgastado pelo uso imoderado de almas sofredoras e pacientes, um banco igual a outros que por aí raramente se encontram nos maltratados jardins públicos desta nossa Lisboa.

A sombra acariciante de uma velha acácia e uma brisa suave adoçava aquela espera angustiante.

À minha volta, um murmúrio dolente da vozearia monocórdica da poalha de gente , entrando e saindo, passando,..., eu desatento, totalmente.
Não era pois um jardim, aquele lugar onde ansiosamente esperava eu a palavra amiga de alguém que me diria:

...desta vez a tua próstata ainda te não vai matar!

Ao meu lado, pouco depois, sentou-se um homem, que vim a saber ter a minha idade, quase cadáver, escanzelado, macilento, envelhecido, aparentado mais ser meu pai do que meu contenporâneo, que, cerimoniosamente me foi pedindo cigarro após cigarro, e, como se me conhecesse desde sempre, me foi falando da sua vida, dos seus desgostos, do seu abandono maternal, da sua megera madrasta Madrilena, que seu pai, um traste embarcadiço, conquistara, mulher que lhe fizera uma infância e adolescência tenebrosas.

Anquilosado pelas artroses do tempo e de uma vida de trabalho duro, em condutas de gáz, toráx tuneliforme da fumaça de anos e anos, respiração curta e ruidosa, falou, falou, falou sempre, muito, torrencialmente, palavras como um rio tumultuoso,só interrompendo o sua imparável verborreia, para, em tom severo e agastado, por várias vezes, recusar a garrafa de água, que uma mulher, a sua dedicada companheira, olhar esgazeado de ansiedade, lhe oferecia obsessivamente, olhos humedecidos do adivinhado terror de o perder:
-Tens de beber, homem de Deus, senão o doutor não te faz o exame e depois sabes, é muito pior...!

Um tanto absorto, mas enternecido até, tentei, tentei escutá-lo, o mais carinhosamente que a minha ansiedade tornou possível e quedei-me, boquiaberto, quando, já cansados de esperar, lhe ouvi o que jamais supusera poder ouvir num suspiro profundo:
Olhe, meu caro Senhor, às vezes, o que é preciso é ter muita paciência para a paciência.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Insónia inevitável




A noite cai
E aí está ela
A cruel insónia
Igual e dolorosa como as outras que já não consigo contar
Tantas foram
Iguais
Dolorosas
Asfixiante


Pressões
Angustias
Culpabilidades incógnitas
Do tamanho de um universo do qual não tenho ideia da dimensão.

Insónia
Angústias
Sofrimento
Que mal fiz para merecer tal castigo
Desumano
Irremediável
Inevitável

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

A grande bofetada aos Americanos

Pela importância deste fantástico documento não resisto a deixá-lo aqui na esperança de que cada um que o ler o divulgue.

Assunto:
Discurso do Ministro da Educação doBrasil nos EUA.
POR FAVOR LEIAM!
Vale a pena ler este discurso do Ministro da Educação Brasileiroproferida nos EUA.

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA
Date: Mon, 21 Mar 2005 19:53:01 -0000
Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que umBrasileiro dá um "baile" educadíssimo aos Americanos...
Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos o actualMinistro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o quepensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge comalguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muitoincomoda os brasileiros).
Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta deum Humanista e não de um Brasileiro.
Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra ainternacionalização da Amazónia.
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.´
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental quesofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve serinternacionalizada,internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundointeiro...O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidadequanto a Amazónia para o nosso futuro.
Apesar disso, os donos das reservassentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveriaser Internacionalizado.
Se a Amazónia é uma reserva para todos osseres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de umpaís.
Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais.
Nãopodemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano.
Não se pode deixar esse património cultural,como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre.
Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.
Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio deJaneiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUAtêm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantirque cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazónia.
Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que aAmazónia seja nossa.
Só nossa! "ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO.
AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO, porque é muito importante... mais ainda, porque foi Censurado.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

o inexplicável ou talvez não...



Há dias, em que até o respirar é doloroso, a angústia inexplicável.
Dias em que nos apetece não ter nascido.
Tempos difíceis, sorrisos aprisionados, o ar difícil de inspirar, tal é a opressão que nos esmaga o peito num amplexo de uma indescritível crueldade.
Sobre os ombros, as culpas de todos os males do mundo!
De que nos servem conselhos se nem sequer temos capacidade de os ouvir?