sexta-feira, julho 29, 2005

A ciência da panificação


A prósito da maluqueira de: mêdos de doenças, teimosa obstipação, dietas estapafúrdis e outras tontices, resolvi fazer o meu próprio pão, à base de farelos de cereais, considerados elementos riquíssimos em fibras e de baixo valor calórico, um pouco de farinhas de centeio e trigo (um profissional, disse-me ser esta última, essencial para ligar a massa), e, eis senão quando, dou por mim a chatear um recente amigo, que me parce sê-lo de há já longos anos já, e a sua generosa companheira, pessoa do mais encantador e ternurento que a nossa imaginação possa admitir.
A seguir, e com o pretexto de festejar a minha debutação como padeiro, segui-se um magnifíco arroz de pato, acompanhado por uma delicada salada de tomate com queijo de búfalo, polvilhado com ouregos, tudo isto regado por um tinto de indiscutível qualidade,café e muitos cigarros!....
Não foi com espanto (sei bem o que a casa gasta, como diz o povo sábio...) ,que pouco depois, vi entrar pela porta daquela casa sempre tão acolhedora, tão carregada de vida e de cachet, o bando de amigos, habituais frequentadores dos serões que por ali com frequência decorrem, logo de imediato recebidos com a afabilidade e ternura com que se recebe alguém de quem se gosta verdadeiramente.
Riso e sorrisos e mais risos de incredulidade se esboçaram como manifestação de incredulidade dos meios dotes de recém-nascido padeiro.
Devo confessar, que quem teve todo o trabalho nem sequer fui eu: limitei-me a dar uns palpites medrosose merdosos, porque na verdade, bem lá no meu íntimo, mais profundo, não acreditava no milagre do pão.
Só que uma hora depois de posto a levedar, o dito pão de farelos, centeio e trigo, começou a dar mostras de que estava vivo, bem vivo e a crescer.
Exibi-o com gáudio de puto que ganha um biscoito ou um presente apetecido e de sacos de plástico em punho, voltei para casa, ufano do meu pseudo-feito.
Espero que amanhã ele me não pregue a partida de aparecer morto e me dê a alegria de o poder meter no forno.
Será que saberá mesmo a pão de farelos, ou terá o sabor deliciosos da já longínqua e desparecida sêmea feita de serôdio, da minha infância perdida lá para as longínquas terras do meu duro nordeste natal?
Enfim, tontices?, ou não!

Talvez saudades de cheiros de sons, silêncios e sabores para sempre infelizmente desaparecidos neste louco mundo da globalização.

4 comentários:

Carlos de Matos disse...

... leva o pão ao meu escritório e no forno que lá tenho, em 20 minutos fica um espanto!
... também o quero provar, mas com muita manteiga!

... que se lixe por esta vez o castrol, perdão o colesterol total!

Xi

graziela disse...

adoro o pão caseiro e o cheiro dele
quendo acaba da sair do forno.
parabéns.
um abraço
graziela

Unknown disse...

Não vale...tinhas de contar o resto, mas afinal que tal ficou o pão, porra pá pensei que ia haver um curte entre ti e a mulher do vizinho, que o pão tava de comer e chorar por mais e daixas-me assim com o pingo nos labios babada de tanto pensar em coisas. ai ai, vê se acabas a estória.
beijo

Choninha disse...

Este senhor é um verdadeiro prodigio: até faz pão!