sábado, abril 30, 2005

O homem que parecia de pedra e afinal o não era

Por fora, um homem de pedra, por dentro, por dentro de mel.
Via-o na rua e ás vezes, só, sentado a um canto do pequeno café da praça central, junto única vidraça grande que dava para a rua, lendo o jornal diário que ali chegava sempre com atraso.
Mas conhecê-lo, ter consciência da sua presença física austera, da sua voz cava que me aterrorizava, só aconteceu há muitos anos já, no dia da minha primeira amigdalite.
Toda a gente parecia adorá-lo, mas eu odiei-o desde que naquela tarde quente de Agosto entrou pelo meu quarto, sorrindo para a minha mãe enquanto dizia na voz que me pareceu o ribombar de um trovão:
- Vamos lá ver então o que é que o garoto tem!
A seguir foram zaragatoas de anginol, um liquido escuro e picante, de sabor iodado, que me provocaram vómitos inesquecíveis, supositórios de bismucilina, pachos de algodão embebidos em álcool, ajustados a um lenço de assoar a envolver-me o pescoço.
E a minha mãe, agitando nas mãos um livro de estorietas da colecção Manecas - que hoje sei ter sido comprado na loja do tem tudo, o velho Coelho da Drogaria Central -, para me acalmar a pena de me ver metido naquela cama e de ao mesmo tempo ouvir o chilreio da garotada amiga que, na rua, jogava futebol com uma bola de trapos sem mim, e que depois do jogo acabado fazia corridas em volta do quarteirão passando pela quelha das traseiras da estação de correios lá da terra.
Depois, houve outras amigdalites, outras febres e lá vinha ele com aquela face cortada a garlopa a repetir que eu nunca mais tinha juízo, que só estava bem a meter os pés em poças de águas frias apodrecidas do degelo de neves invernosas ou a jogar guerras com bolas de neve e a seguir, transpirado, a tirara a samarra, com as respectivas consequências.
Carreiros de cabra, montes e vales, calcorreava ele, empinado como uma estátua de granito sobre o seu velho e já cansado cavalo preto, o Soberano, como lhe chamava, a quem dedicava um afecto como se fosse do seu sangue.
. O seu velho citroen arrastadeira apodrecia no alpendre do barracão da sua quinta. Só o usava quando, esporadicamente, alguém que precisasse do seu auxílio vivesse em lugar com acesso por estradas de macadame e calhaus, que outras quase não haviam.
Um dia soube que ele, afinal, morrera abandonado no seu leito de solidão e então, uma lágrima de saudade rolou-me pelo rosto.

quinta-feira, abril 28, 2005

Este País de contrastes

Talvez por culpa minha, ao tentar usar o meu cartão de saúde dos funcionários públicos, vulgar ADSE, para fazer uma análises de rotina e outras, infelizmente bem mais específicas, foi-me dito que o dito documento estava caducado - (o que estranhei, pois nele constava a indicação de ser perpétuo) -, e que concerteza me tinha sido enviado um outro para o substituir.
Deve ter-me sido enviado, mas disso não me dei conta, assumindo do facto a respectiva responsabilidade.
Dirigi-me então aos serviços centrais da ADSE, na praça de Alvalade, e qual não é o meu espanto, deparei com uma silenciosa multidão, que encerrada numa relativamente pequena sala de r/c, se abanava com o que podia para se refrescar, enquanto aguardava atendimento por duas únicas funcionárias públicas que ali se encontravam sozinhas para tratar dos assuntos daquelas acomodadas pessoas.
Furioso, saí a pensar que se diz por aí que há funcionários a mais, o que acredito de imediato, e só por acreditar pressinto, que afinal, os que estão a mais , ou arranjam forma de escapar às suas obrigações, ou o que é mais provável, estão mal distribuidos. Pela Internet, certifiquei-me da possibilidade de conseguir um novo documento e quando consultei os prazos para o obter fiquei alarmado.
Decidi então dirigir-me à loja do cidadão, e aí, milagre dos milagres: consegui o tão almejado cartão em cinco simples minutos.
E digam lá que isto não é um País de contrastes!

segunda-feira, abril 25, 2005

O meu 25 de Abril

O meu 25 de Abril

Nessa madrugada gloriosa Portugal viu-se finalmente livre do ditador que todos pensavam ser só odioso pela sua tacanhez e argúcia de opressor de todos os que sonhavam com um País livre e fraterno e igualitário.
Enganam-se muitos, cuja ingenuidade os leva a pensar assim, porque, de facto, Salazar não se limitou a ser um déspota pacóvio de botas de atilho e ceroulas. Foi mais do que isso. Muito mais. Foi um tirano parolo à portuga, castrador emérito de liberdades, um homem de uma inacreditável perversidade em muitos aspectos, cujas habilidades nem todos, ou não conhecem ou porventura esqueceram.
Não se esqueça por exemplo, entre outros factos, a hipocrisia com que, dando liberdade e poder totais, aos seus díscolos da primitiva PVDE, depois chamada PIDE, tratou os milhares e milhares, não se sabe bem quantos, de refugiados do nazismo hitleriano, enchendo os cofres do estado novo, obrigando-os a comprar, com o pouco que traziam, o sonho da salvação, num País que se julgava neutral e afinal o não era – Oliveira Salazar queria estar de bem com os anjos e o diabo –, os vistos transitórios de curta permanecia em Portugal, para depois os reencaminhar, os que podiam garantir a sua passagem, a caminho do continente americano a outros, não tão poucos assim, por intolerância politica ou qualquer outra forma de conveniência para o regímen de regresso a
CAMINHO DOS CARRASCOS NAZIS.
É bom que estes factos não caíam no esquecimento e que os rapazolas, de todas as cores e credos políticas que há tantos anos nos governam e que infelizmente tantos sonhos desse dia de Abril fizeram gorar, ou por provada imbecilidade politica, incapacidade e por que não dizê-lo, em alguns casos, ao serviço de inegáveis interesse pessoais e de grupo, tomem muita atenção ás hordas de novos neonazis que no nosso Portugal se organizam e brotam impunemente dia a dia e que pelo menos a esses seja vedada a tão apregoada liberdade.
Devemos ter em conta que afinal, aquilo com que tantos demagogos diariamente enchem as bocas: as tais conquistas de Abril, afinal, não passam de palavras ocas propaladas por mentes canhestras saloias, sem que desse facto se dêem conta,ou por interesse, ou leviandade ou por imbecilidade façam a mínima ideia do que essas palavras significam para tantos que hoje sentem na pele o tormento do desemprego e tantas vezes de uma miséria escondida.
Sonhámos um país novo onde todos tivessem uma oportunidade, mas afinal esse ensejo foi para a maior parte de nós gorado.
Claro que se salvaram alguns clãs e todos calculam quem sejam.
Cá por mim o 25 de Abril é festejado no meu coração desiludido.
O que é feito da apregoada educação tão necessária a este povo que só conhece direitos e renega toda e qualquer obrigação?; que ainda cospe para o chão….
Da saúde?....
Etc, etc, etc,. blá, … blá,… blá,... Tanto,tanto que havia para dizer !
Numa coisa é este povo, dito livre, campeão: Na sua famosa xico-espertice.
Só que estamos prestes a pagar muito caro por essa habilidade!
Cá por mim o 25 de Abril é festejado no meu coração desiludido
……

quinta-feira, abril 21, 2005

A preocupação piroso-portuga com o recém eleito Papa

De facto o Portuga é assim! Preocupa-se mais com o que não devia merecer mais do que a atenção devida e não perde tempo a pensar no que vai por esse desgraçado País fora. Aqui deixo este documento para a reflexão de todos



ISTO É INACREDITÁVEL !!!!!!!!!!!DESARROLLO-PORTUGAL:Lejos de EuropaMario de QueirozLISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el "club de los ricos" del continente.Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del "grupo de los pobres" de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque."La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona", afirma la organización.En el sector privado, "los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas", afirma la OCDE."La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental", señala el documento.Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios.Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas TIENEN los sueldos MÁS ALTOS.El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que "el mercado decide los salarios". Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. "Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado", dijo.En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, "los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia", explicó Cravinho.Estos mismos grandes accionistas, "son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos", lamentó el ex ministro.La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años "está siendo pagada por las clases menos favorecidas", dijo.Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.Pero los representantes de marcas de lujo como FERRARI, PORSCH, LAMBORGHINI, MASERATI y LOTUS(vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante UN AUMENTO DE 36 PORCIENTO en la demanda.Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, TIENE MÁS AUTOS FERRARI POR METRO QUADRADO QUE ITÁLIA.!!!!!Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos "están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo".Para muchos "es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión", dijo Felipe, aclarando que hay excepciones."Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país", opinó.La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones "obscenas" y "escandalosas", según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello."En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro", criticó Metello.La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.SEGÚN ESSOS DOCUMENTOS ENTREGADOS AL FISCO, MÉDICOS Y DENTISTAS DECLARARAN INGRESOS ANUALES promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, "LE ROBAN NUEVE A LA COMUNIDADE" pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos "roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo", comentó con sarcasmo.Si un país "permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad", sentenció. (FIN/2004)

domingo, abril 17, 2005

Afinal sempre há gente civilizada

Hoje, domingo, só por volta das dez da manhã, abri como é costume a janela do meu quarto e espraiei o olhar pela Alameda, há escassos meses acababada de alindar, depois de uma penosa espera ( neste desgraçado rectângulo á beira mar plantado, nada é feito a tempo, para que tudo se conjugue bem com a personalidae madraça,desleixada e egoísta do verdadeiro Portuga) e que se alonga entre o meio inerte das gaiolas de betão, pintadas de cores, que pelo menos, pela sua extravagância cromática tornam menos depressiva a sua aparência exterior e a que chamamos casas!, que a todos aprisionam na selva da uma cidade provinciana demais (num bom português pacóvio, dita moderna!), à procura do verde de que os olhos da minha alma, já cansada de durante muitos, muitos anos, ter de acordar todos os dias para mais uma batalha de uma guerra que me não seduz, tanto precisam de ver.
No meio da garotada que skeitava e corria em patins de linha, respeitando a custo a integridade dos bancos de repouso que por ali estão espalhados, saltando-lhe em cima com os rodados das pranchas, escavacando a madeira dos assentos, em piruetas que querem provar não sei que espécie de habilidade ou coragem, outossim demonstrando a sua incivilidade, concerteza adquirida em suas casas, com o contacto de uns paizinhos igualmente complacentes e malcriados, consegui, finalmente, e pela primeira vez desde que por estes cantos vou gastando os dias da velhice que me leva a caminho do inexorável à velocidade da luz , juro, consegui, dizia: divisar um casal de pessoas na minha faixa ectária, que tranquilamente se passeavam na companhia do seu bom amigo de estimação: um corpulento S.Bernardino, a quem normalmente abreviamos o nome, para simplesmente Bernardo.
E à medida que o animal se ia livrando da carga catabólica do dia, os bons dois velhotes iam recolhendo os produtos dejectados, em saquinhos de plástico, que, seguramente mais tarde colocariam no local destinado a esse fim, provando assim, que afinal, ainda há por aí gente rara que respeita não só os outros e ao fazê-lo se respeita a si próprio.

quarta-feira, abril 13, 2005

Anda, vem, não tenhas medo

Anda, vem, não tenhas medo.
E vê se consegues recordar-te
Do vermelho, do verde e do azul do céu.
Tenta recordá-los nas noites sem estrelas
Noites negras
Noites de um breu total.
Vem.
Guia-te por mim como se fosses cego,
Segura a minha mão,
Aperta as pálpebras,
E tenta recordar
O branco, no áspero contraste do negrume,
Prenhe de suaves gradientes de cinzento.
E se não fores capaz de te lembrar,
Aperta a minha mão.
Deixa-te levar por mim.
Deixa-me cantar-te uma canção de cores garridas.
E assim recordarás a melodia diáfana
Do vermelho, do verde e do azul do céu,
O branco imaculado,
O nosso afecto
Que recordo.
Porque mesmo também eu sem ver,
O quero tanto recordar!

Sem rumo

Sem rumo

Sem paixão, sem amor e sem afecto
Caminha pela vida aflito, perturbado
Sem ter um fim à vista, sem projecto
Na sua solidão imensa e desgarrada.
Sem um fim à vista, sem trajecto.
Definhando, perdido pelas ruas.
Envolto na mortalha
Sobe ao castelo
E do alto da muralha
Pensa pôr fim, pôr fim,
À sua vida desgraçada.

segunda-feira, abril 11, 2005

Saudades de, pelo menos, um dia de chuva

Tempos houve em que um dia de chuva só me trazia tristeza, melancolia.
Hoje, pelo contrário, uns bons dias cinzentos, em que o ouro de uma morrinha persistente caísse, continua, abençoada, sobre os campos, matando-lhes a terrível sede que os sufoca, num amplexo de morte , dar-me-ia a alegria de voltar a poder ver o verde fresco de prados e vales e mitigada a miséria cadavérica que grassa por esses espaços e montanhas de secura e infertilidade, lugares anónimos, onde a desertificação atinge com mais fragor os mais necessitados, aqueles que por aí labutam para que possamos ter nas nossas casas o que esses, com a coragem que lhes resta, produzem ainda, com esforço hercúleo, e a quem a sorte parece ter abandonado de uma forma decisiva.
Como será o futuro mundo das crianças, já tão próximo, ( tudo é tão veloz); o porvir deste mundo enlouquecido que aí veem?
E o que é mais espantoso, é que o cowboy americano, esse Bush oligofrénico, o todo poderoso das Américas, um dos grandes poluidores deste pobre planeta indefeso, continua a não assinar o documento de Quioto, talvez pensando que ele e os que no caldeirão confuso da nacionalidade americana se misturam ( na multiplicidade de todas as raças, origens sociais e credos a que um dia pertenceram, para dar lugar ao que se chama um cidadão americano) , estão acima da hipotese de que qualquer desgraça lhes aconteça.

domingo, abril 10, 2005

tudo isto é triste tudo isto é fado

Como é triste e dolente o tânger de uma guitarra, assim o é este nosso povoléu, (paradoxalmente, pela sua incomensurável incultura e ausência de civilidade, claro), a pensar que sabe mais do que nenhum outro á superfície deste nosso novo mundo sem regras nem valores.
É um fenómeno tipicamente local: só democracia, mas só se for no interesse do próprio!
Belo pensamento lusitano este!
E então, vale tudo e tudo é pretexto para mais uma xicoespertice, uma habilidadezinha portuga, enfim..., chorrilhos de vigarices a todos os níveis, mil e uma invenções destas cabeças latinóides, no pior dos sentidos, entenda-se.
Calculem, que nem as carripanas azuis decarregar as compras dos hipermercados escapam à inteligência e voracidade matreiras dos geniais portugalóides.
Qual não foi o meu espanto, quando num destes últimos dias em que ia fazer umas compras de que necessitava muito, deparei com uma barreira vertical de ferros chumbados com cimento forte ao chão, à saída do Carrefour e Telheiras, e ali mandadas colocar, por certo, pelos patrões Gauleses daquela superfície comercial, não seguramente com o intuito de embelezar o ambiente, mas sim, (vergonha das vergonhas)! calculem: para evitar a saída descarada e criminosa desses carros de compras, que depois a inteligente clientela costuma abandonar onde mais lhe convém.
O que é que esses presunçosos Fracius não teriam ficado a pensar de nós, nobre povo...Nação valente...!, ao depararem com a desturição das referidas barreiras, logo no dia seguinte?!
De facto, infelizmente, não há nada a fazer com este estigmatisado povão dotado de tal esperteza saloia apuradíssima: somos apoucados, porcalhões, invejosos e reles, como mais reles é o mais reles dos reles!
E acredite-se ou não! Hoje mesmo, encontrei abandonado na rampa que dá acesso à garagem do prédio em que vivo, mais um desses famos carrinhos azuis, surripiado através dos buraco feito na grade de cimento onde as barreiras tinham sido fixadas e pensadas indestrutíveis, mas que afinal não resistuiram à esperteza nacional, tão famosa entre a gentalhaa deste triste País de fados vários.

sábado, abril 09, 2005

E volta o folclore

PauloII foi ontem a sepultar. As imagens das cerimónias tiveram uma indescritível dimensão e ainda bem, porque delas, em minha opinião foi o Papa merecedor.
Do Vaticano só voltaremos a ter notícia grada no dia em que pudermos ouvir: Habemus Papa.
Hoje voltamos à nossa pobre realidade e ao indispensável nacional folclorismo pirosão, a propósito do casamento dos aliados ingleses, Carlos e Camila e, eis senão quando, de novo se enchem os ecráns das nossa estações televisivas, de idiotas enfatuados falando de cátedra, como se fossem os mais distintos lentes do saber, sobre vulgaridades, tais como, os vestidos das senhoras..., de quem é aquele sujeito gorducho, de joelho valgo ( disseram que era neto de Churchill), que acompanha uma velha britanica, mal vestida de andar desegonçado,que parecia uma lagosta, etc...etc..., tudo pela voz desses autênticos géniozinhos do tudo saber a propósito de etiqueta.
Falo, claro, de uma bola de sebo, lábios irreconhecíveis pela sua estreiteza e fealdade, vestida de mulher, que dá pelo nome de qualquer coisa derivada de bom-bom, uma tal Bobone, idiota chapada e ignorante, e de uma outra indispensável e sempre presente perua de asas sempre a adejar, muito conhecida pelos seus histéricos e patetas comentários na quinta das celebrimerdas, uma tal Julinha Berreiro, Pereiro ou Pinheiro, não interessa. Do moderador não vale a pena falar porque dele nem sequer mal há a dizer, tão tristes e despropositadas foram as suas intervenções.
Depois, outro canal.
Aqui, o que dantes se chamaria um alfaiate e que por mutação é agora um famoso costureiro, desatou a imprecar: que a cor dos vestid0s das matronas inglesas convidadas para a boda não iam bem com as dos chapéus, que os sapatos deveriam ser desta ou daquela tonalidade..., etc... e outras baboseiras, comentários estes, corroborados por outro especialista, um tal cujo nome lembra mais um boletim metereológico a falar do clima do que um comentador televisivo.
Enfim! É este País que temos e estou quase a acreditar que, afinal, o merecemos!

quarta-feira, abril 06, 2005

Quem são os Alemães?: A minha revolta

Durante toda a minha vida muito tenho lido e estudado, quase até à obcessão, àcerca dos inqualificáveis e hediondos crimes cometidos pelos nazis durante a segunda Guerra Mundial, em nome da tão famosa solução final, ditada pela esquizofrenia de um ser maldito, monstro grotesco e sórdido que não pode, nem deve ser entendido como fazendo parte da espécie humana.
Hoje, mais uma vez senti a minha alma esfrangalhar-se de uma dor lancinante e uma raiva incontida que me constrangia o peito, ao rever o Diário de Anne Frank, numa admirável série televisiva carregada de verdade sobre o inenarrável genocídio practicado pelo poder nazi, consubstânciado pela mão obediente e cega dos seus grotescos e grosseirões sevidores cruéis e brutais, assassinos gélidos, carrascos sem piedade, não descriminando crianças, mulheres e homens, jovéns e velhos, doentes ou saudáveis, judeus, ciganos, comunistas e tantos outros que é impossível enumerar, tão monstruosa foi a indiscriminação na escolha das vítimas.
Há quem argumente porém, que nem todos os Alemães eram assim.
Pessoalmente não consigo estar de acordo, porque o meu ódio por esse povo aniquila qualquer possibilidade de me tornar mais razoável, o que de facto, nem sequer desejo.
Sugiro até, que talvez esses malditos arianos tenham sofrido desde tempos indefiníveis no tempo, de alguma forma de mutação genética que os faz ser indefectivelmente diferentes de toda a restante espécie humana e hoje assim iguais ao que sempre foram e serão.
E não são os sorrisos do Sr. Schroeder, do Sr. Helmut Kool ou de outros homenzarões loiros, de nuca rasa, e ar marcial, as desculpas, nem tão pouco as promessas desses malditos hunos de que aquele horror não mais acontecerá, que me conseguiram convencer do contrário.
Odeio Alemães do fundo do coração sem o conseguir evitar e reeitero que aquele crime nunca poderá, nem deverá ser esquecido.
Tem o poder político do nosso País a responsabilidade de, aqui mesmo, na nossa terra, aniquilar de uma vez por todas, e à nascença, qualquer tipo de tentativa de organizações de cariz nazi, semelhante às muitas que infelizmente de novo despontam, por esse mundo fora, facto que não é novidade para ninguém de boa fé.
É um desiderato de gente civilizada estar atento a um germinante nacional socialismo de pacotilha que ressuma dos famosos racistas de cabeças rapadas, de certas franjas de claques futeboleiras, onde se camuflam verdadeiros díscolos nazistóides, empunhando com descaramento, bandeiras com impressos motivos simbolizando disfarçada e cobardemente outras versões da tão odiada suástica.
Nenhum português o permitirá, nem haverá na nossa terra lugar para energúmenos semelhantes ao bandalho francês Le Pen.
Até parece que, com o pretexto de que nas democracias todos devem ter voz, a França já esqueceu os dias amargos da opressão nazi.
E pena foi, que em Nuremberga não tivesse havido a coragem de pendurar também sem piedade, toda, mas toda sem excluir ninguém, a corja de criminosos servidores fieis de Hitler.