domingo, novembro 27, 2005

Um Outro Dia Inesquecível


Um outro dia inesquecível


Hoje casou a sua outra filha.
A outra filha dos meus queridos amigos, amigos como se na verdade fossem irmãos mais novos: ele, pessoa de valor inestimável, quer como homem, quer como dedicado e competente profissional, capaz de ser grato, na sua imensa grandeza, o que nestas condições é inequívoco sinal de que se é grande, de alma e coração (agora, afinal, quem lhe é grato sou eu por essa sua nobreza e generosidade de carácter), ela, uma mulher inigualável: um ser encantador e quase inincontrável neste mundo louco de egoísmo em que vivemos.
E como se alguém escrevesse um conto e começasse assim:
Tudo aconteceu em Novembro.
Duas andorinhas que esvoaçaram do ninho encantado de uns invejáveis pais, que agora irão certamente e de forma inevitável espreitar de quando em vez esses ninhos vazios das suas pequeninas crias que outrora foram, agora feitas mulheres, acerca das quais, seguro estou, serem capazes de enfrentar este mundo alienado de hoje, com a coragem, a inteligência, a bondade e honradez que por esses pais devotados lhes foram ensinadas.
Desta vez, foi a daquela pequenina ternurenta que vi crescer e que, na traquinice dos seus tenros anos de menina, em tardes de praia, que tantas vezes passávamos juntos.
Ela, que enregelada, queixinho tremente, lábios arroxeados pelo frio da água gélida do mar, que mesmo em verões quentes, raramente aquece ao ponto de ser apetecível a franzinos corpinhos de criança, se recusava a sair do banho, garantindo nesse tiritar de frio, que não, …, que era só mais um mergulho, …, que não sentia frio,…, que era impressão nossa, … era só mais um mergulho!!!... e depois sairia, embrulhada na sua quentinha toalha turca de espesso pêlo.

Depois, a cerimónia, onde nem sequer o admirável: Embraceable de G. Gerchwin, nem tão pouco o belíssimo cântico de César Franch: Panis Angelicus foram esquecidos.
A seguir, a festa magnífica, num local primorosamente escolhido, o repasto digno de reis, o encontro de velhos e mais recentes amigos, a reconfirmação de amizades, enfim, um explodir de emoções incontidas e verdadeiras: uma festa de alegrias, uma elegia ao que de melhor o homem encerra em si próprio.
Um vinho magnífico, produto produzido pelo saber dos sonhadores recém casados: geniais e jovens, mas ousados engenheiros agrónomos, capazes de tal feito: produzir o seu próprio vinho, de óptima e indiscutível qualidade.
Tanta gente interessante ao mesmo tempo ali encontrada:
Um bem que raramente se consegue neste mundo conturbado em que afectos e emoções vão sendo a difícil excepção da equação da vida que nos vai consumindo dias e esperanças.
E nem faltou, como era de esperar a presença da família Toledana, agora como que uma família Bipátrida (Portugal e Espanha misturados nos seus corações, nas pessoas dos seus filhos, filhos das duas Pátrias, que o casamento assim tornou, unindo-os numa só pátria), por quem sinto tanta simpatia, a Mª de Lurdes e a sua encantadora filha, agora peças fundamentais da família dessa outra filha que também neste Novembro voou do ninho paternal para os braços do seu amor toledano. Para mim um dia inesquecível.
Obrigados meus queridos Pedro e Guida, por não terem esquecido este vosso velho e dedicado amigo

O vosso sempre Fernando

quarta-feira, novembro 23, 2005

A ironia das teias que a vida tece


Conheceram-se na Guiné, durante a guerra colonial, nos anos em que este conflito estava no auge da sua violência: ele, jovem alferes médico, o outro, um novato furriel enfermeiro da sua companhia.
Embora as normas do regulamento militar não sancionassem o convívio entre sargentos e oficiais, foi a guerra que no seu desenrolar da misérias e da dores, de feridos e mortos, condicionou a grande amizade que a partir daí se estabeleceu entre ambos.
Depois, salvos e fisicamente intocados, o regresso e o inexorável afastamento de quem regressa às suas profissões anteriores.Mas, ironia do destino, que tantas vezes traça caminhos que a razão não compreende!
Inacreditavelmente, para além de curtos telefonemas e de combinações de encontros que acabaram por nunca se concretizar, estiveram anos sem se voltarem a ver, até ao dia em que sua filha lhe participou que tencionava casar.

E para maior espanto seu, exactamente com um filho dele, do seu indefectível amigo, o seu furriel das boas e más horas.
Teias que a vida tece.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Mas afinal o que e é que os aerogramas do António Lobo Antunes têm de especial (o que nada tem a ver com a indefectível qualidade sua como grande escritor, talvez o mais importante da minha geração), se não a linguagem apaixonado de uma juventude em ansiedade extrema pela separação provocada pelo conflito colonial), ao ponto de uma comentadora televisiva depor em opinião, na entrevista semanal que faz a Marcelo Rebelo de Sousa, que se trata de uma admirável compilação, de uma obra de grande qualidade.
De facto, foi comovente a reportagem televisiva do reencontro de camaradas, no momento do lançamento desse livro, ao ponto de a uma lágrima de uma sofrida nostalgia, escorrendo-me pela já minha envelhecida face me não poupar essa recordação dolorosa, e também de orgulho por ele, pelo António, o autor mais do que consagrado, misturado no seio dos seus antigos companheiros de desdita e não sentado à mesa de apresentadores de circunstância ( o que não foi o caso, porque à mesa estavam as suas filhas, talvez as responsáveis por o terem quase forçado, creio, a essa publicação), emproados de vaidade como tantos que para aí vagueiam numa pseudo-intelectualidade bem pacóvio-portuga quinto mundista.
É certo também, que muitos outros, milhares, deles, diria mesmo, gostariam de conseguir ter um dia igual ao do António: ter consigo todos os seus camaradas, todos vivos, o que se afigura uma impossibilidade, já que tantos deles por Africa perderam a vida e, outros, muitos felizmente ainda vivos e de bom e digno envelhecimento,
No entanto, é bom não esquecer que essas cartas de desespero pela lonjura e perigos da guerra não foram só vividas por ele, o António, pessoa de quem até sou amigo e de quem com sinceridade gosto, mas deixo no ar a pergunta que nada tem a ver com o seu legítimo direito de publicação: será que não haverá por aí milhares de aerogramas igualmente desesperados e belos, que deveriam também ser reunidos em obra, e aos quais, a Sr.ª comentadora televisiva, sempre tão arguta e atenta a tudo, pudesse ter acesso e que de igual modo considerasse dignos de serem lidos?
O facto é que nem só o António Lobo Antunes sofreu na pele a dor e a angustia desses tempos, já para não falar dos famosos aerogramas daqueles que nunca voltaram mas também escreveram.
De todo o modo um abraço cingido de amizade ao António, com a ressalva do seu legitimo direito a essa publicação.
E já agora seria bom que a sociedade civil mostrasse, senão respeito, pelo menos uma contenção mais digna pelos combatentes da guerra colonial: primeiro pelos mortos, uma juventude sacrificada que só uma história perversa e politiqueira teima em ignorar e depois por aqueles em quem aquela maldita contenda em terras Africanas deixou marcas de dor e sofrimento inapagáveis.


quinta-feira, novembro 17, 2005

MEDITAÇÃO: O PAÍS E NÓS PRÓPRIOS,TODOS NÓS



Ora aqui está alguém de que nunca gostei, por quem nunca senti a mais ligeira réstea de empatia.
Talvez porque me parece homem de pensamento sinuoso, prolixo por vezes, talvez até pedante q.b.
Mas, há sempre um mas!
Desta vez não resisti a espalhar aos quatro ventos a opinião que este senhor tão bem explicitou, num texto, quase em forma de um ensaio, sobre os males que nos afligem, dividindo culpas, atribuindo responsabilidades, etc..., falando de todos nós: portugueses.
E aqui confessando estar nestes aspectos em quase total acordo com ele, digo quase e reeitero-o, quase, aqui me responsabilizo, não por plágio do referido documento, porque estando num país livre, sou pelo livre de pensamento, deixando a quem quiser, a outros, a oportunidade de conhecer o que é público, ainda por demais publicado num jornal diário, e também por sentir ser meu dever de cidadania deixar este escrito tão importante desse referido senhor, de quem não de facto não gosto, como atrás já disse.
É também direito democrático meu fazê-lo, sem o ofender, só pelo facto singelo da clareza de repetir, que é pessoa que não aprecio. ( questão que só a mim diz respeita)


E Prado Celho reza assim e o que reza é da sua inteira responsabilidade:

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria-prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito.
Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos.
Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame.
Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirão. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim,
exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

PUBLICADO NO JORNAL: O PÚBLICO


Do poeta popular a verdade crua



Touradas e procissões
Fátima, fados e bola
São as únicas distrações
De um povo a pedir esmola

quarta-feira, novembro 16, 2005

Finalmente conseguimos, ou uma noite inesquecível

Noite memorável esta, deste quinze de Novembro, que se prolongou um pouco pela madrugada, num desejo incontido de que, desses momentos agora terminados, a eles voltemos sempre.
O que parecia ser uma impossibilidade, afinal, saindo do sonho fez-se realidade.
E que estranho e ao mesmo tempo acontecendo simples e admirável, este novo mundo da blogosfera, espaço virtual esse de que nos conseguimos escapulir e de súbito nos damos conta do que de mais real se possa imaginar: o primeiro encontro físico de companheiros que só conhecíamos das páginas escritas dos seus espaços nesse mundo quase ficcional a que a tecnologia nos concedeu acesso.
Aconteceu pois.
O Faz Tudo e a sua encantadora companheira de todos os dias, com a transparente generosidade com que ambos foram bafejados pela vida, receberam-nos na sua casa tão vivida e acolhedora, como se de amigos de há muitos anos se tratasse e assim, tivemos o supremo prazer de, finalmente, e graças a eles, pela primeira vez nos olharmos mutuamente neste outro mundo: o nosso, o real, o de todos os dias.
Estivemos lá todos: o Faz Tudo, a Graziela. O Planeta Verde, O Por Um Fio, A Choninha e o seu comparsa Pêra, o Piano e o Jorge.
E pena infinda tenho eu de não poder aqui deixar um testemunho fotográfico desta reunião de tão doce recordação já, para mais tarde recordar.
Pessoalmente, só posso acrescentar que foi algo de muito bom, mercê que não mais esquecerei.
Falámos de tantas coisas e tantas coisas ficaram por dizer…
Mas voltaremos, talvez um dia em Arouca, espero não longínquo, deliciando os nossos olhares pelas serranias que dali se avistam.
Um abraço carinhoso a todos.
O vosso sempre Jorge.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Um jantar de amigos



Hoje , o agradável jantar decorreu na companhia de um jovem, que sei ser meu desinteressado amigo de verdade (que razões teria ele para o não ser; eu que sou aquilo que ele vê à transparência pura do seu jovém cristalino de quarenta e dois jovéns anos).
Basta olhar a sua calma, que tanto invejo, para se perceber que se trata de um rapaz de boa cêpa, amigo seguro, gentil, afável, consentâneo com a minha noção de verdadeira e pura amizade.
Obrigado, pois, meu amigo indefectível: RUI.
Trouxe consigo um outro amigo seu, homem entendido na arte de saborear um bom café, com a destreza e a ciência da delicadeza que tal competência impõe, e assim, lhe fico a dever mais esse gesto de me dar a conhecer outra côr da sabedoria.
Depois, como vem sendo hábito seu, para mim imerecido talvez, não esqueceu mais um aniversário meu, o aniversário do meu caminho para o fim, daqueles, que em vez de alegria, me causam a triteza da próxima finitude, a passo de galope.
E sei que ele, tem a noção de que nesta vida tudo é efémero: o que hoje é importante , de súbito será esquecido, como se um vento agreste e cruel tudo arrastasse à sua passagem, em indomável rodopio do tempo breve que vivemos.
De todo o modo, obrigado Rui, mil vezes obrigado, meu amigo, homem que muito respeito e admiro, não só pela ternura e capacidade de não esquecer os que são seus gratos e verdadeirose amigos, sem rodeios ou mesuras desnecessarias; aqueles que a vida algum dia renegou como bastardos ( talvez por própria opcção), bem como pela sua sempre disponível inteligência imediata, pela ajuda preciosa que me tem proporcionado de ver a vida mais nítida, mais clara, mais bonita, em toda a sua plenitude cromática e definida.
Um abraço sentido, quase paternal, carregado de emoção e de verdade.
Que o seu, ou meu Deus o abençõem, por me fazer ver tão claras as coisas deste mundo em desagregação em que vivemos.l
Coisas do coração, da amizade sincera, que espero perdure até ao fim dos meus e dos seus dias.
Um abraço meu, apertado, para si, meu indefectível amigo que tenho a felicidade de ter: A si Rui.
O apelido fica entre nós!

Solidão dos meus lugares


















Lembranças do meu Nordeste em dia gélido
Chiotti 1993
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domingo, novembro 13, 2005


Hoje, exactamente um dia depois do meu, festeja-se o aniversário do Faz Tudo, amigo certo, que muito embora conheça há pouco tempo, me parece ter sempre conhecido, tão segura é a amizade, que de forma indiscutível sentimos nos unir.
Foi uma festa breve, porque me ausentei cedo, por pessoais imperativos que o Faz tudo bem conhece, mas foi de facto, uma bela festa, dirigida pela maestria alegre da sua doce companheira, mulher de beleza singular e criatura adorável e não facilmente encontrável nos dia amargos que correm nas nossas cinzentas vidas.
Depois, estavam lá todos, aqueles a quem o faz tudo ama: aqueles a quem chama de voz tonitorante aos ventos das sua emoções "os seus melhores amigos, os do peito.
Valeu a pena.
Talvez até eu próprio que tanto detesto festejar o meu aniversário, se o conseguir, para o ano próximo, siga o seu exemplo e lhe copie essa sua intenção.
Um abraço par o Faz Tudo, para a sua insuperável companheira e para todos os amigos.

sábado, novembro 12, 2005

Quando o telefone em dis de aniversário não pára



Quando em dia de aniversário, o telefone não pára de tocar: meu querido amigo do peito, desejo-te um feliz aniversário, e se está numa idade, em que a imortalidade adolescente já vai longe e nos sentimos resvalar para o inexorável normal fim, detestamos esses toques irritantes e esses votos, sem significado, porque eles nada alteram no fluir do nosso terminus biologicamente definido.
Tão só, queremos estar sós, numa solidão só nossa, numa reflexão necessária e bio-vital, mau grado a agradecida, mas não reclamada festa, a propósito de tal acontecimento realizada ( falo por mim e só por mim), bem entendido.
Há quem goste de ser festejado, como se da evocação de uma importante efémeride se tratasse.
Só que eu não, comigo,não!!!!
E eis que se instala em mim uma profunda depressão e um mau encarar de tais despropositados festejos (a propósito de quê? de envelhecer, de caminhar para o fim?!...)
Obrigado, pois, a quem nos festeja, a quem nos quer bem, mas desnecessários festejos esses, pelo odioso que tudo isso são ou representam: o inevitável, a morte pré-anunciada, a decrepitude, o fim biológico inevitável, a fealdade..., e tudo o mais que de insuportável se possa imaginar: o que é na verdade real: o inevitável: a proximidade do fim, por muito que nos seja desjado de prosperidade, de aventurança, de riqueza terrena, de bem estar,...
Hoje, foi o exemplo acabado do que digo: uma festa indesejada, combinada em segrêdo por ela, a mulher que amo e que, há décadas me suporta;que talvez quase tenha conseguiu perceber o mal que a guerra colonial me tenha feito e provocado, de forma indefectível, como uma praga, uma grave e intratável infecção, que me roubou os melhores anos da minha vida, da minha carreira, se é que a carreira, afinal, tem alguma importância ou significado que ultrapasse o que é vulgar de provinciano, de pacóvio, de portuguesissímo, dado que todos acabamos do mesmo modo, num fatal esquecimento.
Um mal estar incontido, senti, por esse festejo, afinal, só compreendido, pela gratidão de um amor que perdura ainda, o da minha companheira de décadas e das minhas raparigas e rapazes, minhas filhas, dos meus muito queridos netos, meus irmãos, um dos quais, talvez o que mais amo, o meu dulssíssimo irmão Markus, amigo fe companheiro da minha infanto-adolescência, e que, às nove em ponto desta tenebosa manha de dia onze, dia de S. Martinho das castanhas, me telefonou de Zurique, plá na longfínqua e fria Suissa, para me confortar em mais este miserável dia, antes da partida, perguntando-me, a mêdo, se ainda dormia a essa hora, tudo para me consolar, par me dar o ânimo necessário à vida, embora um convencimento do real, um anúncio de proximidade do fim que se adivinha a passos de gigante, nunca mais me possa abandoinar ou aliviar a minha mente de uma teimosia inquebrantável.
Obrigado, contudo, à mulher, à minha definitiva amiga e companheira, mulher de armas,doçura da minha vida, imprescindível dos meus dias, compreensiva para além do razoável, que depois de tantos anos, ainda tem a coragem de me festejar o meu já avançado aniversário, de suportar as minhas angustias, os meus silêncios, os meus mêdos, as minhas oscilações comportamentais de humor, quase bipolares, e, à doçura do olhar terno com que as minhas filhas e netos me olharam neste dia e, enfim, o linitivo adiccional de um copo a mais, para esquecer a minha definitiva finitude.
De todo o modo, sei que ainda há quem me tenha estima verdadeira e de mim se lembre nestes tristes dias de aniverário, que detesto, como se uma doença se tratasse, mas , Ah ! se eu pudesse, pedir-lhes-ia: que o não fizessem, que me não lembrassem, porque, para mim, ao contrário do que é normal, o dia do aniversário é mais um dos dias que mais me aproximam da realidade: do fim inevitável: da morte e da falta que um dia lhes farei.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Eleiçoes? Bandos de trapaceiros? Não, obrigado!



Quando nos lembramos de um passado ainda não muito longínquo, em que nos foram roubados os melhores anos da nossa vida, mandando gerações inteiras (salvo os habituais filhinhos protegidos do sistema à boa maneira da cunha Portuguesa), para uma injusta e inqualificável guerra colonial, em nome de não se sabe o quê, talvez um propalado amor pátrio, numa exaltação fanática, de cariz profundamente fascista, onde vimos morrer, tantas vezes, jovens, do melhor que este miserável País tinha como filhos e que o regímen Salazarista, tratava como bastardos, como carne para canhão, na defesa do que esse poder, então vigente, chamava de sagrado solo Pátrio, exultamos de um misto de saudade das fortes amizades ali acontecidas para sempre, alicerçadas de uma forma definitiva e irrefutável, na dor e no companheirismo e solidariedade da sobrevivência, e por outro lado, espumamos de raiva incontida, quando assistimos aos discursos demagógicos, provocadores de uma incontrolável volição, ditados pelas bocas da grande maioria dos políticos do agora, que nunca experimentaram nem a amargura da distância, nem o medo, ou o mais ínfimo sentimento de irmandade, entre camaradas verdadeiros, em tão difíceis circunstâncias: as do combate de guerrilha, nem qualquer outro sentimento alicerçado numa solidariedade verdadeira, tentando nos seus discursos mandar para o esquecimento, com desonra, esses milhares de mortos e mutilados que dessa hedionda e injustificada guerra resultaram, como se nada se tivesse passado ou nada de menor importância tenha acontecido, então explodimos, por não ser mais possível suportar tais desaforos.
E é vê-los guerrear, não em perigosas picadas africanas, mas nas lutas por um poder e desmedida ambição, pela repleção dos seus bolsos sem fundo ou pela ganância do poder pelo poder, força que lhes confere uma vida verdadeiramente ignóbil de desrespeito pelos que nada têm, tantas vezes para um pequeno pedaço do digno pão que cada honrado homem merece.
É só ligar a televisão e ver como se defrontam, como se vendem como Judas Iscariotes se vendeu, (cito as fontes da fabulação religiosa, tão só como estórias conto bem ficcionada), a troco de éfemeros poderes, neste mundo de tão breve passagem; e sorrio perante a pequenez dessas mentes que se aprontam para essa escalada cujo fim é o inexorável fim de todo aquele que nunca teve a mínima importância, aquele de quem a história nunca falará, aquele que depois de sucumbir cairá no insondável fundo do esquecimento como mais um homem vulgar, quiça mais sinistro do que os outros.

quinta-feira, novembro 03, 2005



E lá vão eles, enfurecidos gritando: mas afinal, o Cavaco não é um político profissional.
Só eu é que sou e que sei tudo.
E tu, Camões de meia tijela, com dois olhos, vai lá contar landonas e declamar poesia com essa tua voz cavernosa, lá para a tua parvónia de Águeda e deixa-me em paz.
Olha, Louçã, tu então é que não deves bater bem da bola! Também querias? Olha, vai até ao museu da cidade e vê bem o gesto que o Zé Povinho te faz: um grande manguito. Não te esqueças de ler a legenda que está por baixo que diz: queres fiado? Toma! ( o tal manguito )
O Jerónimo, coitado, esse além de ficar logo rouco de cagaço nas entrevistas, não conta, porque não pode ler a cassete, uma vez que agora já só há leitores de CD e de DVD, coisa que no seu partido ainda não foi descoberta, pois ainda trabalham com gravadores de fita e leitores de cassetes compradas à ciganada na feira do relógio.
Sou só eu Soares, o último e verdadeiro rei de Portugal, e não vocês seus madraços, repito seus surdos mudos, só eu é que sei de humanidades, de leis, de história de Portugal e de não sei mais quantas baboseiras, ouviram seus pataratas!
Pensvam que era republicano e laico? São mesmo tansos!
Estou danado, sim!, e se tiverem dúvidas peçam à TVi que vos empreste a cassete da minha entrevista, com aquela Srª, a Dª ....( gaita, como é que ela se chama, merda?! Já me esqueci, porra), ouviram, bando de energúmenos.
Era só o que faltava!
Apearem-me, depois de todos os sacrifícios e torturas a que fui sujeito durante o meu forçado exílio,, ordenado pelo António de Santa Comba para as praias de S.Tomé e Pincipe, onde até fui obrigado a cavalgar uma tartaruga.
Porem-me uns patins, assim, do pé para a mão, e trocarem-me por aquele manequim da rua dos Fanqueiros, que só sabe de números.
Eu sou eterno, eterno, um homem que sabe de tudo, um génio, um salvador maior que D. Sebastião, porque estou aqui, em pé neste combate contra o perigoso avançao fascista, (como noutros tempos fiz contra os sociais fascistas do PC) , e esse outro garotelho, O tal D. Afonso... ( gaita esquci-me outra vez ...Ah!, já me lembro, é o Sebasti... qualquer coisa...) de colarinhos aos folhos é um rotalhaço que nunca mais cá quis pôr os pés. Preferiu ficar a curtir em Alcácer-Quibir.

Ele afirma que é impoluto e incorruptível



Ele, O Coelhone, afirma que é impoluto e incorruptível.
Talvez sim, mas há quem não acredite e que avente a hipótese de quem alguém o avisou da visita que a PJ lhe iria à procura da prenda( um tal valioso tabuleiro de xadrez ), que num Natal passado recebeu de alguém, tão só pelos seus lindos olhos e não como pagamento de favores (sempre há gente muito mal intencionada), que eventualmente tenha prestado referido alguém.
Enfim, neste País de Deixa Passar, está demonstrado à exaustão, tudo fica de facto incólume e se não vejamos o exemplo do grupo da distante Macau e de um dos seus essenciais protagonistas: o Sr não sei quantos... Melancia.
Tudo ficou em águas de bacalhau, processo arrumado no fundo da escura e insondável gaveta, onde outros, também auto-declarados impolutos e incorruptíveis e tantos eles são ou se adivinham, ser, aos quais, nem processo algum tocou.
O que é indisfarçável é que nunca houve tantos com tanto e muitos mais sem nada de nada.Para completar toda esta teatrada ainda falta uma referência ao solene Sr. Dr. Mário Soares, cujo argumento senil na luta contra o seu opositor de estimação na campanha das presidenciais, o Dr. Cavaco, é tão-somente o grave crime de Lesa Pátria, de que, de forma tonta e apatetada acusa o seu oponente: não ser político de profissão, como se esse facto honrasse quem quer que seja!Berrando aos quatro ventos e mesmo à esfera armilar que é democrata, seria o momento ideal para o super patriota Mário o demonstrar e não servir-se destes tolos e inconsistentes argumentos de se ser político profissional (não queria ser pejorativo, mas não possível evitá-lo), para defender a sua dama e melhor seria, que com Cavaco aprendesse pelo menos aquilo que nunca soube: respeitar e sair de cena com a dignidade que em tempos parece, ter granjeado e até talvez merecido.
E não terminam aqui as suas responsabilidades, porque é bem sabido de todos, mesmo daqueles que o escondem fanaticamente, como ele e outros irresponsáveis, orquestraram sabiamente a libertação dos nossos povos irmãos Africanos, em relação aos quais agora e de forma clara, mais uma vez, numa claríssima atitude racista e paternal, o incompetente governo Socretino perdoou a colossal divida de Moçambique para com este nosso pobre país, onde esse dinheiro tanta falta faz para nos aliviar da miséria a que chegámos!.E é então assim, lá temos nós, de mais uma vez, engolir esta pouca vergonha.
À cerca ainda do grande democrata Soares e da forma como inequivocamente demonstra nem gostar, nem querer perder ao jogo, nem que seja a botões, faz-me lembrar os meus tempos de criança, quando jogando ao pião, no meio desse meus companheiros, havia um, que também não gostava de perder, nem que fosse para a própria mãe e que por tal sinal também se chamava Soares, só que em vez de Mário era Carlinhos..., enfim,...coisas da toponímia

quarta-feira, novembro 02, 2005

Composião

























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Chiotti 2004
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