sábado, setembro 24, 2005

Desta gostei eu


Editorial
Contra o racionalismo
Martim Avillez Figueiredo Manuel Maria Carrilho não merece conquistar um lugar na Câmara Municipal de Lisboa. Não é nada contra o filósofo e homem de muitas leituras. É contra o político, esse que, quase 16 anos volvidos sobre a queda do império racionalista, insiste na tese do pensamento único e do autoritarismo intelectual.Não vale sequer a pena lembrar o debate na SIC Notícias onde o político Carrilho mostrou ao país toda a sua arrogância. O que importa é recordar todos os perigos do racionalismo como forma de pensamento e modo de estar na sociedade.Para um racionalista, por exemplo, o passado pouco importa. O princípio que subscreve é o de aplicar uma tábua rasa sobre tudo o que conhece. E se o passado é irrelevante, a acumulação de experiências de nada vale para um racionalista quando confrontada com a sua mente brilhante – porque é disso que se trata: qualquer racionalista partilha a convicção de que as ideias que defende são as únicas que merecem ser aplicadas.E a história está recheada de exemplos de homens que, com poder nas mãos, alteraram tudo para que tudo se adequasse à sua forma de pensar. Numa frase, um racionalista classifica com zero valores o que o rodeia mas avalia com um 20 todas as soluções que encontra para os problemas.E comparar algumas figuras históricas do racionalismo com o político Carrilho seria injusto para a própria história – porque ao contrário do político Carrilho, essas figuras não assistiram à barbárie a que um mundo de soluções perfeitas conduz. Carrilho, o político, viu e, pelos vistos, insiste.Um exemplo? Carrilho foi o primeiro a chegar a esta campanha autárquica em Lisboa e, dos cinco candidatos, o único a não apresentar programa. Para um racionalista, é normal. Afinal, ele não precisa de antecipar a sua forma de decidir, já que só a ele importam as decisões que toma. Como a videovigilância em zonas perigosas – ideia que podia bem vir da cabeça de um neoconservador mais radical (já que também esses nasceram no seio do racionalismo).Podia também sublinhar-se a irresponsabilidade de dizer que, com ele, o túnel do Marquês não avançava um milímetro mais, mas basta perceber-lhe os tiques de absolutismo moral para entender que são homens assim que tornam a política perigosa.O voto para a Câmara de Lisboa, por isso mesmo, deveria fazer-se, em primeiro lugar, contra esta ideia de que uma cabeça pensa melhor do que o conjunto de todas as outras. E são várias as alternativas nestas eleições para quem acredita numa sociedade de livre interacção de ideias, um governo limitado, um mercado livre e uma dinâmica de mudança sem revolução.
É pena não haver mais pessoas com esta clarividência.
Pela imagem acima se adivinha que o nosso risinhas nem sempre sorri; pelo menos nesta imagem do seu sub-consciente.

6 comentários:

Choninha disse...

É mesmo pena, a falta de clarividência... É a vida, ou o que resta...

Choninha disse...

E onde é que o Martim escreveu esse editorial????????'

Choninha disse...

E onde é que o Martim escreveu esse editorial????????'

Choninha disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Choninha disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Helder Mendes disse...

Considero o título extremamente infeliz: o problema não é o racionalismo, e sim os (pseudo)-racionais...