domingo, abril 17, 2005

Afinal sempre há gente civilizada

Hoje, domingo, só por volta das dez da manhã, abri como é costume a janela do meu quarto e espraiei o olhar pela Alameda, há escassos meses acababada de alindar, depois de uma penosa espera ( neste desgraçado rectângulo á beira mar plantado, nada é feito a tempo, para que tudo se conjugue bem com a personalidae madraça,desleixada e egoísta do verdadeiro Portuga) e que se alonga entre o meio inerte das gaiolas de betão, pintadas de cores, que pelo menos, pela sua extravagância cromática tornam menos depressiva a sua aparência exterior e a que chamamos casas!, que a todos aprisionam na selva da uma cidade provinciana demais (num bom português pacóvio, dita moderna!), à procura do verde de que os olhos da minha alma, já cansada de durante muitos, muitos anos, ter de acordar todos os dias para mais uma batalha de uma guerra que me não seduz, tanto precisam de ver.
No meio da garotada que skeitava e corria em patins de linha, respeitando a custo a integridade dos bancos de repouso que por ali estão espalhados, saltando-lhe em cima com os rodados das pranchas, escavacando a madeira dos assentos, em piruetas que querem provar não sei que espécie de habilidade ou coragem, outossim demonstrando a sua incivilidade, concerteza adquirida em suas casas, com o contacto de uns paizinhos igualmente complacentes e malcriados, consegui, finalmente, e pela primeira vez desde que por estes cantos vou gastando os dias da velhice que me leva a caminho do inexorável à velocidade da luz , juro, consegui, dizia: divisar um casal de pessoas na minha faixa ectária, que tranquilamente se passeavam na companhia do seu bom amigo de estimação: um corpulento S.Bernardino, a quem normalmente abreviamos o nome, para simplesmente Bernardo.
E à medida que o animal se ia livrando da carga catabólica do dia, os bons dois velhotes iam recolhendo os produtos dejectados, em saquinhos de plástico, que, seguramente mais tarde colocariam no local destinado a esse fim, provando assim, que afinal, ainda há por aí gente rara que respeita não só os outros e ao fazê-lo se respeita a si próprio.

1 comentário:

Moscardo Laranja disse...

Caro Jorge,
Estou estupefacto!
Fascinado!
Gnomotrolificado!

Que escrita fantástica. Todos os dias me surpreendo com os teus textos. Passo a vida aqui a ver, mas tenho é um pouco de timidez que algumas vezes me impede de comentar.

Saudações Moscárdico-Tricocéfalas de calidre 534,32.

Moscardo Laranja