domingo, março 20, 2005

Este triste país

Depois de uma tarde agradável em que, com pessoas muito interessantes, á volta de um copo conversámos de tudo um pouco, vejo-me logo a seguir a um jantar frugal compatível com a minha idade um tanto avança já, confrontado com um telejornal pejado de idiotices, de comentadores que tudo sabem, verdadeiros messias da verdade total, de violências, de atropelos à língua Portuguesa por parte dos agora Srs. Drs. pivots jornalistas etc.... e tal e tal, como diz o povoléu, mas isso nem sequer me espantou por já ser o corriqueiro de todos os dias deste triste País em que vivemos.
De súbito aparece-me na frente, ocupando todo o cinescópio do meu velho televisor, uma mulher vulgar, uma tal não sei quantos, também não interessa, porque afinal, falando de forma mais ou menos esganiçada ela é, infelizmente, réplica de muitas outras, arvorada de um pacovismo incontestável e provinciano cuja parolice não ultrapassa seguramente a linha fronteira de Badajoz, saloismo do qual, pela sua incamuflável estupidez não parece dar-se conta.Uma mulher detestável, claramente vendida ou ao preço do dinheiro fácil ou verdadeiramente estúpida( só pode ser por uma destas razões).
Com tiques de starlet, abrindo levemente as asas numa frequência irregular, como uma perua depenada fugindo à decapitação, talvez para ventilar umas axilas humedecidas tão feiamente biológicas como as de qualquer outro mortal, tornadas inodoras por um desodorizante da moda ( devem ter-lhe dito que assim é que é a pose de uma estrela ), apresentava, numa berraria histérica, estridente e enervante, as estrelas do que seria mais um grande sucesso televisivo.
Embrulhada em vestes de cetins de cor verde-alface-vomitado, a megera, naquele tom de voz estridente fortemente impotentogénico, ( entenda-se, segundo conceituados sexologistas, que mesmo para um verdadeiro macho, aquela tecitura deve tirar a ponta ao mais garanhão desde a própria Europa, até à Oceania), começa então a indicar publicamente com um gáudio insofismávelmente imbecil quem seriam as gradas figuras, que dentro de breves momentos entrariam no segundo programa da série dita "Quinta das Celebridades", entre as quais se destacava a primeira delas: uma velha tonta, totalmente recauchutada pela cirurgia reconstrutiva, enfim, uma figura tristemente plastificada, de quem eu, pobre mortal fugiria a sete pés se com ela fosse confrontada numa qualquer ante-câmara de amor!
E pergunto-me como é possível que os poderes instituidos, que deveriam estar conscientes do analfabetismo, da iletracia e da imensa mancha de pobreza, em alguns casos chegando a tanger a verdadeira miséria, que grassa sem lei nem ordem por esse pobre país fora e que tanta necessidade tem de ser educado para seu próprio beneficio futuro, deixar continuar com este ganguesterismo televisivo de deseducação nacional, engordando os bolsos dos patrões desses importantes meios de comunicação de forma a atingirem as grandes massas, transtornando-lhes as pobres cabeças, fazendo delas o produto amorfo, dependente sempre de um paizinho, talvez tão miserável como o Salazarismo conseguiu fazer.
Em suma : continuar a dar-lhes o alimento da ignorância absoluta, da dependência paternalista, fátima, futebol e fado, tudo acrescido da impunidade de que por aí tantos gozam, como se todos tivessemos de viver num país de verdadeiras traições ao dia em que julgávamos Portugal livre para sempre deste géreno inestinguível de parasitas enfatuados.
Basta de venderem merda e deseducação.
Tenham respeito por quem trabalha, por quem sonha com um país mais justo, próspero e solidário. Tena-se a coragem de aceitar, não uma censura no sentido fascizante, mas ponha-se em tudo isto um minímo de ordem e respeito por uma cultura que nos é tão necessária e da qual depende em grande parte, senão na maior toda a riqueza de um povo.
Este desbafo surge no dia em que dois jovens agentes da ordem foram abatidos pela sanha de um assassino de uma indescritível crueldade.
São perigosos os dias que se avizinham se não tomarmos as precauções que de forma clara se exigem.

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

pois é andas a escrever mt bem e acordas os moscardos para voos incandescentes.Bom dia meu querido.