terça-feira, dezembro 13, 2005
O regresso do pesadelo da guerra
As portas da aeronave fecharam-se e após o discurso habitual de segurança a bordo, ouviu-se a voz do comandante anunciar que o voo para Lisboa sairia de seguida:
- Senhores passageiros, dentro de momentos descolaremos do aeroporto de Bissalanca. O tempo na rota está bom, e contamos chegar a Lisboa dentro de aproximadamente cinco horas.
Com a mão esquerda, a única que lhe permitia um gesto titubeante, no meio do branco do gesso que lhe envolvia os membros superiores, o tórax quase imóvel pela dor, emborcou rapidamente aquele primeiro farto whisky enquanto o avião rolava na pista e se elevava suavemente. Pouco depois pediu mais outro, e mais outro para se toldar. Ao lado, duas velhas mulheres, de cor colonial queimada de um esverdeado macilento, distinguiam-no com um olhar piedoso. No corpo so sinais dos graves ferimentos que sofrera.
Sem falarem, ele podia conjecturar que pensariam... "Coitadinho, foi a guerra, é mais um!"
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