sábado, março 26, 2005

Lembranças de Páscoas passadas

Um povo católico como o nosso, costuma dizer que Deus escreve direito por linhas tortas. Em meu entender, homem assumidamente agnóstico, este aforismo resulta tão somente de uma sabedoria secular, que nada tem a ver com religiosidade.
É sabedoria e basta!
Outros povos, de outros credos, teem-na da mesma forma, baseada em outras tradições e incluida de forma profundamente íntrínseca na diversidade das suas culturas.
Vem esta reflexão a propósito de lembranças de cheiros, sabores, cores, ventos, bonanças , tempestades, horizontes , de pores de sol e de tantas tantas outras emoções dos lugares da minha origem que seria impossível rememorar.
Para o escrita e pinturas, tomemos como exemplo o Natal que é mais momento de angustia do que de alegrias e as poucas que lhe ocorrem são a consequência do amor que dedica à família.
E de angustias, porque o Natal não é todos so dias como se ouve dizer em frases esteriotipadas, por essa ocasião, mas sim, porque nessa época continuam a morrer de fome e de guerras, milhões de crianças, de mulheres e homens, em nome de qualquer coisa ou ideário, que a maioria das vezes nenhum significado comporta, senão a defesa de obscuros e malévolos interesses de poderosoas e indomáveis forças organizadas.
De facto, constato que o aforismo atrás citado encerra grande verdade, a verdade de uma autêntica cultura popular.
Mesmo sendo o escrita e pinturas desprendido de saudosismos sentimenmtalóides bafientos, tem contudo consciência de que há algo que o liga a esse microcosmo cultural e de que não consegue libertara sua recordação de: cheiros e sabores das Páscoas passadas nas suas longinquas terras do nordeste, tudo materializado no simples prazer de comer uma simples fatia do magnífico folar, que alí é tradição de muitos anos, saborear-se por esta altura.
Foi incrivelmenete por linhas travessas que um desse magnificos manjares lhe veio parar à mão, fruto do cruzament de duas amizades e por fim da generosidade de um talentoso poeta do seu saudos nordeste, que compreendendo-me, talvez também como eu não consiga prescindir desta forma afectuosa de viver a Páscoa, desse simbólico e simples facto de mastigar tão delicioso pão salgado de carnes, só de nós conhecidas e por nós tão especialmente apreciadas.
Há muita gente, cujos credos não discuto mas respeito, que na chamada Sexta Feira Santa não comem carne, sabendo de antemão que se pagarem bula ao padre mais próximo o poderão fazer.
Eu cá por mim deliciei-me nesse dia com uma grandiosa fatia do meu tão apreciado folar, sem ter medo das chamas do inferno.
Se eu não fosse lá dos cimos de Trás-Os-Montes, mas beirão dir-lhe ia: Bem haja meu amigo por ter tornada tão feliz esta minha Páscoa.

2 comentários:

Sara Mota disse...

Lembranças...

... mas, tudo muda, mais cedo ou mais tarde, não é?!

Mudanças, que fazem parte, mas desde que sejam tão ou mais deliciosas…! ;)

Jorge disse...

Parabéns por uma escrita tão marcadamente poética